O novo valor do café: o preço subiu — e ainda bem

Artigo de opinião por Roberto Mulassano, fundador da Daily Coffee

Olá!
Muito se tem falado no preço do café. Neste absurdo… que, afinal, até pode trazer boas notícias.

Durante muito tempo, o café foi visto como um bem menor. Um gesto social, quase automático. Custava pouco, servia-se rápido e era quase indiferente à sua origem. O valor estava na pausa, não na bebida. A qualidade, muitas vezes, era uma questão de sorte.

Hoje, isso mudou. E com razão.

O preço do café aumentou — bastante. E ainda que isso custe mais a todos nós, é, em muitos aspetos, uma boa notícia. O café deixou de ser barato porque deixou de ser invisível. Começámos a olhar para a cadeia de produção com outros olhos — e a reconhecer o que está por trás de cada chávena.

Já não dignificamos apenas a máquina que torra ou a marca que embala. Damos, cada vez mais, valor a quem planta, colhe, lava, seca e cuida do grão. Às famílias brasileiras que dependem de boas colheitas. Às mulheres etíopes que fazem a seleção manual. Aos jovens vietnamitas que hoje são formados em práticas agrícolas regenerativas.

E sim, as alterações climáticas e os custos dos transportes também explicam a subida. Mas há uma mudança maior em curso: o reconhecimento do café como produto agrícola com valor social, económico e ambiental — e não apenas como “uma cápsula”.

“Em 2023, apenas 10 % do preço de um café servido num café europeu ia para o produtor. Mas, finalmente, algo está a mudar.”

“Quando um país produtor de café começa a consumir mais café, isso é sinal de desenvolvimento.” (Veronica Rossi, Fundação Lavazza)

Na Daily Coffee, o custo do grão duplicou em seis meses. Para os nossos clientes, o aumento foi inferior a 25%. Porque acreditamos nesta transição e queremos estar do lado certo dela. O café é parte da experiência — e queremos que essa experiência seja boa do início ao fim da cadeia.

Sabias, por exemplo, que em 2020, o preço médio pago ao produtor por um quilo de café arábica na Etiópia era de apenas 0,85 USD? Em 2024, este valor aproximou-se de 1,40 USD. Ainda longe do ideal, mas é um sinal. Um sinal de que algo está a mudar.

Um outro exemplo inspirador é o projeto da Fundação Lavazza em Cuba, onde, desde 2018, tem sido reconstruída uma fileira inteira do café cubano. Foram plantadas milhões de árvores resistentes, implementado um sistema de blockchain para rastreabilidade, e dezenas de produtores locais já recebem um valor mais justo, com pagamentos diretos e prémios por qualidade. Isto mostra que, sim, é possível transformar a realidade no terreno — com impacto real e mensurável.

Segundo a Fairtrade International:

“As pessoas estão mais dispostas a pagar por um café, desde que isso garanta melhores condições para quem o produz.”

E é isso que sentimos. Os nossos clientes querem qualidade, mas também consciência. Querem bom café, mas não a qualquer preço. E nós também.

Por isso, se o café está mais caro, que seja por boas razões. Porque há um agricultor que recebe melhor. Porque há menos desperdício. Porque há mais dignidade. Porque o que servimos na chávena reflete o respeito que temos por quem a tornou possível.

Na Daily Coffee, acreditamos nisso. Servimos café — e servimos história, origem, sabor e justiça.

Vamos tomar um café? Que seja um bom café. Um café com sentido.

Um abraço, Roberto.

1 de julho de 2025

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